Redes neuronais anormais em cães com ansiedade
Investigadores relatam anormalidades nas redes neuronais funcionais de cães diagnosticados com ansiedade. O estudo mostra que, em comparação com cães que não apresentam esta condição, aqueles que têm ansiedade exibem conexões mais fortes entre a amígdala e outras regiões da rede neuronal responsável pela ansiedade. As descobertas também podem ajudar a revelar como as conexões funcionais entre as regiões do cérebro relacionadas à ansiedade são alteradas em casos de transtornos de ansiedade em humanos.
Liderado por Yangfeng Xu (Ghent Experimental Psychiatry Lab, GHEP; ORSAMI) e Emma Christiaen (Medical Image and Signal Processing, MEDISIP), da Universidade de Ghent, na Bélgica , o estudo mostra que, em comparação com cães sem ansiedade, aqueles que a apresentam, exibem conexões mais fortes entre a amígdala e outras regiões do corpo. O estudo foi publicado no PLOS ONE a 15 de março.
Modelos animais com a condição são uma ferramenta importante para estudar transtornos de ansiedade, e os resultados podem beneficiar tanto a medicina veterinária quanto a humana. No entanto, os muitos aspetos diferentes da ansiedade não podem ser todos estudados efetivamente no mesmo modelo animal. Embora os roedores sejam frequentemente estudados, este novo estudo aproveita os cérebros maiores e o córtex maior dos cães para caracterizar as redes neuronais associadas à ansiedade.
Para a investigação foram estudados 25 cães saudáveis e 13 com ansiedade, os quais foram submetidos a exames de ressonância magnética funcional não invasiva (fMRI). Os cães tiveram a autorização dos seus tutores e foram tratados de acordo com todas as diretrizes de bem-estar necessárias, garantindo que não sofressem consequências negativas do estudo.
Para o estudo, os cientistas estudaram o estado de repouso de cães com e sem ansiedade. Verificaram, através dos exames de fMRI, que, em estado de repouso, as conexões funcionais entre a amígdala e outras partes do circuito de ansiedade, particularmente o hipocampo, eram mais fortes do que o normal em cães ansiosos. Os cães que exibiam medo e ansiedade em relação a estranhos, bem como excitabilidade, eram mais propensos a ter cérebros com essas redes neuronais mais ativadas.
Os investigadores acreditam que as descobertas mostram que o fMRI em estado de repouso é uma boa ferramenta para estudar modelos caninos de ansiedade, e que estudos futuros como este podem aumentar o conhecimento de como os circuitos relacionados à ansiedade no cérebro são alterados em animais com distúrbios de ansiedade, e possivelmente até em humanos com esta condição.
Estes novos dados podem fornecer mais informações sobre a organização topológica cerebral no transtorno de ansiedade, levando assim para a uma melhor compreensão dos mecanismos fisiopatológicos e do curso da doença em animais e em humanos, ajudando no desenvolvimento de terapias mais personalizadas e eficazes.