Desafios da técnica cirúrgica

 Em Próteses em Medicina Veterinaria

A técnica cirúrgica para a aplicação destes dispositivos afigura-se, geralmente, de maior complexidade, quando comparada com as restantes cirurgias ortopédicas.

Henrique Armés, DVM MSc MBA PhD 

Assim, o primeiro desafio passa por ultrapassar uma curva de aprendizagem que é exigente, bem como pela escolha do candidato.

Nem todos os pacientes com patologia podem fazer esta cirurgia. A condição geral do paciente, o perfil de tutores que lhe está associado, e o estadiamento da doença, podem restringir a aplicação do implante.

No caso das próteses articulares, as intervenções são cirurgias de não retorno. Depois de se eliminar uma articulação e substituí-la por uma artificial, acrescentamos um conjunto de alterações biológicas no osso que, de alguma forma, são irreversíveis.  Assim, devem ser acautelados os prós e contras dessa opção cirúrgica.

Qualquer articulação que mantenha um grau de desempenho aceitável não é candidata à substituição através de uma prótese total, e nesse caso, a cirurgia deve ser protelada.

Por outro lado, quando a biomecânica da articulação está degradada e existe pouca resposta aos fármacos disponíveis, a opção da prótese total permite ao animal a reabilitação funcional, respeitando integralmente a biomecânica do membro. O “timing” correto para a aplicação da prótese é provavelmente o maior desafio clínico.

No caso das próteses fixadas biologicamente, o grande desafio prende-se com a promoção da integração, para isso a técnica cirúrgica deve ser rigorosa, com aplicação do implante no local e na posição correta, geralmente impactado por pressão. A assepsia cirúrgica deve ser extrema e o paciente deve estar sem qualquer infeção latente, para diminuir o risco de infeção do implante e de rejeição precoce. No caso das próteses cimentadas, os cuidados devem ser genericamente os mesmos, uma vez que os cimentos são facilmente contaminados, resultando na rejeição do implante.

Em alguns casos, temos desenvolvido próteses customizadas “à medida”, que obriga a um desafio acrescentado de desenho e fabrico do implante. Esta é uma matéria que, apesar da sua exigência, me parece acrescentar uma flexibilidade e autonomia para com o cirurgião que, pessoalmente, me parece ser bastante promissora. Nestes casos, o desafio passa pela interdisciplinaridade, uma vez que cabe ao grupo de trabalho decidir sobre todas as matérias. Desde o desenho do implante, com recurso tecnologia 3D, passando pela sua materialização, até à sua aplicação cirúrgica.

No caso das endo-exo-próteses, o desafio tem o seu expoente máximo, uma vez que, para além do desenvolvimento, com todas as etapas anteriormente descritas, existe também a necessidade de mimetizar na exo prótese os requisitos suficientes para que a biomecânica do membro protésico seja a mais adaptada ao animal.

Exo-prótese gato

Exoprótese gato

Formato adaptado à biomecânica do Membro Posterior

 

Dossier Próteses Veterinárias

 

 

 

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